27 de agosto de 2013

AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, LOGRADAS POR UM CORPO DE GOVERNANTES, SÃO ENSINADAS A ODIAR INJUSTAMENTE

As Testemunhas de Jeová e os Apostatas


Esse artigo foi escrito voltado para pessoas que são Testemunhas de Jeová, que estudam ou estudaram a Bíblia com elas, ou que tenham interesse no estudo sociológico das religiões. Se você não tiver conhecimento das doutrinas dessa religião, talvez não entenda e nem tire proveito de algumas informações que aqui serão apresentadas.

APOSTASIA, TESTEMUNHAS, JEOVÁ, APOSTATA
O que pode ser mais repulsivo para uma testemunha de Jeová do que um apostata? Nos anos em que pertenci a esse grupo religioso, nunca odiei tanto uma pessoa do que aqueles que saiam da Organização e agora ficavam contra ela. “A verdade é tão clara”, razoava, “como pode uma pessoa sair e ainda ficar contra?”. Não existia definição mais apropriada do que ódio aliado ao medo; era realmente isso o que sentia pelas pessoas que se tornavam “apostatas”. Lembro-me de um discurso em que um ancião disse: “as pessoas que são apostatas... quero dizer, os apóstatas, pois esses indivíduos não são pessoas.” Essa mentalidade é incrivelmente comum na Organização.

§1. Introdução


A organização das Testemunhas de Jeová investe pesado na manipulação mental para preservar seu império. A única coisa que impede um membro de deixar a religião é cercá-lo de publicações, tirar todo seu tempo com inúmeras atividades cristãs, e vetar qualquer acesso do mesmo às informações contrárias aos seus dogmas.

Além disso, o Escravo usa algo bastante eficaz no objetivo de fazer com que os irmãos não tenham contato com coisas que poderiam colocar em dúvida suas crenças: o poder do medo.

Em 2004, foi lançado um filme que, ao meu ver, é bastante importante no que diz respeito as questões sócio-religiosas. Seu título é A Vila. Em seu enredo, cidadãos são mantidos presos dentro de uma pequena cidade sem contato com o mundo externo e a força coerciva para tal finalidade é o medo. Os fundadores da cidade criam uma lenda de um monstro que vive na floresta, alimentam a lenda com alguns incidentes, o que perpetua não apenas a crença nas histórias, mas também os aprisionam na cidade.

Algo parecido ocorre com as Testemunhas de Jeová. Durante anos me foi ensinado nas publicações, nos discursos, nos congressos e em tantos outros meios enganadores usados por essa religião, que os apostatas eram a própria encarnação do diabo. Os apostatas são pecadores dos quais não há perdão. (Hebreus 6:4-6) Tudo que se poderia se atribuir de mal aos apóstatas era atribuído. O medo, aliado ao ódio religioso, resultava na minha proteção e no mais profundo ardor apologético da minha parte. No entanto, isso logo mudaria.

§2. Abandonando a Matrix


Desde que comecei a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, sempre fui bastante dedicado aos estudos bíblicos. Em 2001, aos 19 anos de idade, vim a ser batizado como membro oficial da religião em uma Assembleia de Circuito no Caic, Natal/RN. Meu zelo pela religião e ardor pela erudição bíblica continuavam a crescer mais e mais. Com os anos à frente, adquiri muitos livros sobre vários assuntos que me auxiliavam no estudo bíblico e religioso, assim como também aprendi a ler a Bíblia nos originais grego e hebraico, o que me foi de inefável ajuda. Isso chamou atenção dos anciãos da minha congregação, o que fez com que eu começasse a ser indagado sobre o motivo dessa ânsia por conhecimento.

Foram necessários doze anos da minha vida para que tivesse agora uma visão clara de que a religião a qual pertencia estava literalmente me engando. Comecei a perceber isso quando comecei a procurar checar as citações de livros seculares que o Escravo fazia dentro das publicações. Lembro da primeira vez que isso ocorreu. Lendo o livro A Bíblia – Palavra de Deus ou de Homens?, percebi várias referências ao livro E a Bíblia Tinha Razão... de Wenner Keller. Assim que adquiri o mesmo, logo fui checar as referências feitas pelo Escravo, o resultado foi uma profunda decepção. Logo na primeira referência do livro, quando fui buscar na fonte, não tinha nada, exceto uma foto. As demais citações são deturpadas, fora de contexto e manipuladas para se encaixar no que eles objetivam no livro.

Continuei mesmo assim na religião, tentando “deixar pra lá” essas coisas que hoje são inaceitáveis para mim. Com o passar do tempo, também comecei a ter contato com textos críticos ao Cristianismo, em especial os escritos de Bart D. Ehrman. Isso, acrescido com a decepção doutrinária, bem como a hipocrisia religiosa vigente dentro da congregação, me fez entender claramente que as Testemunhas de Jeová era uma religião puramente humana, desencaminhantemente opressiva e manipuladora. Essa minha visão, posteriormente, se espalhou para toda e qualquer forma de Cristianismo.

§3. Definição de Apostata


Quando deixei de ser Testemunha de Jeová, perdi todos meus amigos de uma vez, pois agora eu era um “apóstata”, algo que odiei por tantos anos. Levando em conta o que eu mesmo pensava sobre os apostatas, me doía saber que agora era a minha pessoa que era vista dessa forma por meus ex-amigos. Sei que, deveras, muitas pessoas que deixam essa religião devem se sentir perturbadas por receberem essa nomenclatura, principalmente daqueles que eram especiais para elas, amigos e família que compartilhavam a mesma crença. Até que, um dia, decidi pesquisar o uso bíblico da palavra “apóstata”. Por mais uma vez, observei a forma maldosa e enganadora do Escravo para nos manipular. Sobre o significado de “apóstata” em português, lemos a seguinte definição:

adj. e s.m. e s.f. Que ou quem abandonou sua religião.
Padre ou monge que, sem autorização eclesiástica, abandona o sacerdócio, a ordem ou o convento.
Fig. Pessoa que renega as opiniões ou partido de que participava para esposar idéias contrárias; desertor.[1]

Em português, a palavra “apostata” vem da palavra latina com a mesma escrita,apostata, que por sua vez vem do grego antigo ἀποστασία que vem do verbo ἀφίστημι, significando literalmente “recuar, revoltar-se”, que é composto por ἀπό (apo, “afastado”) originado do Indo-europeu *h₂epo (“afastado”) + ἵστημι (histēmi, “permanecer”)

Bom, até ai não tem problema, pois se apostata é quem abandona uma filosofia religiosa por outra filosofia, religiosa ou não, então tudo bem, está correto. O problema é que não existe na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, nenhuma palavra com esse valor semântico. Apesar disso, a Tradução do Novo Mundo usa o adjetivo “apostata” 12 (AT) vezes e o substantivo “apostasia” 5 vezes (NT). O que achei estranho é que praticamente nenhuma outra versão da Bíblia encontramos a palavra “apostata”.Mais à frente entenderemos o porquê. Antes, vamos analisar cada um dos textos da TNM.

Jó 8:13

Assim são as veredas de todos os que se esquecem de Deus,
E perecerá a própria esperança do apóstata, [חנףchaneph]

Jó 13:16

Ele seria também a minha salvação,
Pois nenhum apóstata [חנף chaneph] entrará diante dele.

Jó 15:34

Pois a assembléia dos apóstatas [חנף chaneph] é estéril,
E o próprio fogo terá de consumir as tendas do suborno.

Jó 17:8

“Pessoas retas olham assombradas para isso,
E até mesmo o inocente fica agitado por causa do apóstata [חנף chaneph].”

Jó 27:8

“Pois qual é a esperança dum apóstata [חנף chaneph] caso ele der cabo [dele],
Caso Deus lhe tire a sua alma?”

Jó 36:13

E os apóstatas [חנף chaneph] no coração são os que acumularão ira.
Não devem clamar por ajuda porque ele os prendeu.

Jó 34:30

“Para que não reine um homem apóstata [חנףchaneph],
Nem haja laços do povo.”

Isaías 10:6

“Enviá-lo-ei contra uma nação apóstata [חנף chaneph] e dar-lhe-ei uma ordem contra o povo da minha fúria, para tomar muito despojo e tomar muito saque, e para fazer dele um lugar pisado como o barro das ruas.”

Provérbios 11:9

“Pela boca é que o apóstata [חנף chaneph] arruína seu próximo, mas é pelo conhecimento que os justos são socorridos.”

Isaías 9:17

“Por isso é que Jeová não se alegrará nem mesmo com os jovens deles, e não terá misericórdia com os seus meninos órfãos de pai e com as suas viúvas; porque todos eles são apóstatas [חנף chaneph] e malfeitores, e cada boca fala insensatez. Sua ira não recuou em vista de tudo isso, mas a sua mão ainda está estendida.”

Isaías 33:14

“Em Sião, os pecadores ficaram apavorados; o tremor apoderou-se dos apóstatas [חנף chaneph]: ‘Quem de nós pode residir qualquer tempo com um fogo devorador? Quem de nós pode residir qualquer tempo com incêndios de longa duração?”

Como observado acima, essas são as 12 vezes em que a TNM usa a palavra “apostata” no AT. A palavra no original hebraico, como pôde ser observado, é חנף (chaneph) e é com base nessa palavra que vemos um grande problema para as Testemunhas de Jeová e suaTradução do Novo MundoQuando apanhamos a TNM e consultamos esses textos, comparando-os com as demais traduções da Bíblia, observamos que praticamente nenhuma delas encontramos a tradução “apostata” para essa palavra hebraica. O motivo disso, como já mencionamos, está no significado da palavra original que não carrega o valor semântico que as Testemunhas de Jeová dizem.[2] Quando consultamos diversos dicionários e léxicos da língua hebraica, observamos que o significado da palavra hebraica usada no AT é, dentro outras definições correlacionadas, “hipócrita”, e assim traduz praticamente todas as versões da Bíblia.

É unânime o testemunho erudito sobre o significado de חנף, podendo significar“poluído” (BOTTERWECK, 1981, 103, BEVERA, 1999, p. 42; GABLE, 2012 p. 30)“hipócrita” (RABELAIS, 1807, p. 60; HAGAN, 2002, p. 15; TODD, 1912, p. 105; CLARK, 1836, p. 1759; WILDE, 1986, p. 44; CALMET, 1835, p. 516) “corrupto” (ROBERSON, 2005, 129; CHAPPELOW, 1752, p. 260) “alienado de Deus” (WALTKE, 2004, p. 489)“profano” (YOUNG, NICOL, 1909 p. 241) “renegado” (SMITH, 1953, p. 77) “homem ímpio” (NICHOL, COTERREL, 1977 p. 520; RICHARDSON, 1951, p. 109) “iníquo”(CALVIN, p. 15). Em lugar algum encontramos o significado de apostata.

Um dos melhores dicionário de Hebraico na língua portuguesa, o Dicionário Bíblico Hebraico-Português, de Luis Alonso Schökel, diz na página 234:


Wilhelm Gesenius, um dos maiores especialistas em hebraico no século XIX, comentou[3] em sua famosa obra A Hebrew and English lexicon of the Old Testament including the Biblical Chaldee, na página 293:


Na Septuaginta (LXX), cujos tradutores eram os que estavam mais próximos do texto original hebraico do AT, verteram a palavra hebraica [חנף chaneph] por várias palavras gregas, mas nenhuma delas encontramos "apostata" como tradução. Em Jó 13:16 encontramos δολος, em Jó 8:13 temos ασεβης, em Jó 17:8 lemos παρανομω, em Jó 36:13 observamos υποκριται e em Isaías 10:6 usa-se ανομος. Veja abaixo o uso em cada texto:

Jó 8:13 - ὑποκριτὴν - hipócrita
13:16 - δόλος - engano, enganador, aquele que lesa.
17:8 - ἐπανασταίη - perverso, ímpio
15:34 - ἀσεβοῦς - desrespeitoso
20:5 - ἀσεβῶν - Ímpio
27:8 - ἀσεβεῖ - Ímpio
34:30 - ὑποκριτὴν - Hipócrita

Prov. 11:9 - ἀσεβῶν - Ímpio
Isaías 9:17 - ἄνομοι - nefasto, ilegal
10:6 - ἄνομοι - nefasto, ilegal
32:6 - ἄνομα - nefasto, ilegal

Quando os judeus traduziram o AT, eles vertem a palavra hebraica חנף [chaneph] pelas palavras gregas δολος, ασεβης, παρανομω, υποκριται como equivalentes em seu sentido, nenhuma delas significa "apostata". Mas o que essas palavras gregas significam? Vejamos o significado original delas conforme é traduzida na própria TNM.

Primeiro, a palavra δολος é traduzida na TNM por “ardil” (Mt. 26.4; Mc. 14:1) “fraude” (Mc. 7.22; Jo. 1:47; At. 13:10; Rm. 1:29; 1 Ts. 2:3) “fraudulência” (1 Pd. 2.1) “engano” (1 Pd. 2.1). A segunda palavra grega ασεβης é traduzida por “ímpio” (Rm. 4:5; 5.6; 1 Tm. 1.9; 1 Pd. 4.18; 2 Pd. 2:5, 6, 3:7; Jd. 1.14). A terceira palavra grega,υποκριται, é traduzida por “hipócrita” (Mat 6:2; 5, 16; 7:5; 15:7; 16:3; 22:18; 23:13; 14; 15; 23; 25; 27; 29; 24:51; Mc. 7:6; Lc. 6:42; 11:44; 12:56; 13:15;). A quarta palavra grega, ανομος, é traduzida por “os que são contra a lei de Deus”, “contrários a lei de Deus”, “sem lei”, “contra a lei”, (Mc. 15:28; Lc. 22:37; At. 2:23; 1Co. 9:21; 2Ts. 2:8; 1Tm. 1:9; 2Pd. 2:8) Ou seja, em nenhum lugar a própria TNM as traduziu por "apostata", então por que fizeram isso no AT? Está ai uma pergunta que merecia deles uma resposta!

Como observamos, todos os dicionários e léxicos de hebraico traduzem חנף [chaneph] por “hipócrita” e a LXX traduziu-a por “ímpio” e sinônimos,nunca por "apostata". Em suma, חנף não significa apóstata, ou um pessoa que abandona uma organização religiosa e que agora é contra sua ideologia. Os judeus chamavam de חנף qualquer pessoa que deixava de adorar Yahweh, quaisquer que fossem seus motivos, incluindo até mesmo os gentios, pessoas que nunca fizeram parte da "religião verdadeira", qualquer opositor (BAUDER, 1999, p. 202), o que, com certeza, não é a definição que as Testemunhas de Jeová tem para a palavra "apostata", como veremos mais adiante.

§4. Definição de Apostasia


Quando se trata do significado da palavra “apostasia”, obviamente, encontramos a mesma definição que “apostata”, uma vez que é o seu substantivo. "Apostasia", no significado moderno, é o ato de se revoltar contra, ficar contra algo que antes apoiávamos e isso em qualquer contexto, seja social, político ou religioso.

A TNM usa a palavra “apostasia” 5 vezes, conforme podemos observar abaixo:

Isaías 32:6

Porque o próprio insensato falará mera insensatez e o próprio coração dele fará o que é prejudicial, para praticar a apostasia [חנף choneph] e para falar contra Jeová aquilo que é desordenado, para fazer a alma do faminto ficar vazia, e ele faz até mesmo o sedento passar sem a própria bebida.

Jeremias 23:15

Portanto, assim disse Jeová dos exércitos contra os profetas: “Eis que os faço comer absinto e vou dar-lhes de beber água envenenada. Pois dos profetas de Jerusalém saiu apostasia [חנף chanuphah] a todo o país.”

Daniel 11:32

“E os que agirem iniquamente contra [o] pacto, ele levará à apostasia [חנף chaneph] por meio de palavras macias. Mas, quanto ao povo que conhece seu Deus, eles prevalecerão e agirão com eficiência.

Atos 21:21

Mas eles ouviram rumores a respeito de ti, de que tens ensinado a todos os judeus entre as nações uma apostasia [αποστασια apostasia] contra Moisés, dizendo-lhes que não circuncidem os seus filhos nem andem nos costumes [solenes].

2 Tessalonicenses. 2:3

Que ninguém vos seduza, de maneira alguma, porque não virá a menos que venha primeiro a apostasia [αποστασια apostasia] e seja revelado o homem que é contra a lei, o filho da destruição.

Os usos da palavra “apostasia” no AT pela TNM são infundados pelos mesmos argumentos que usamos acima para a palavra “apostata”, ou seja, o texto hebraico do AT não usa qualquer palavra para “apostata” no sentido moderno, que poderia ser a palavra hebraica משומד. A Septuaginta, no entanto, usa o verbo "apostatar-se" em Gênesis 14:4:

δώδεκα ἔτη ἐδούλευον τῷ Χοδολλογομορ, τῷ δὲ τρισκαιδεκάτῳ ἔτει ἀπέστησαν.

No entanto, o sentido aqui não é o conceito moderno de apostasia, tanto que, nesse caso, curiosamente, a TNM traduz assim:

Doze anos tinham servido a Quedorlaomer, mas no décimo terceiro ano rebelaram-se.

Os usos que a TNM faz de “apostasia” parece mais aceitáveis quando se trata do NT, pois é a tradução da palavra grega αποστασια (apostasia) que é justamente a palavra que dá origem a nossa palavra “apostasia”. Apesar disso, não é uma tradução acertada, porque apesar dessa palavra grega ter dado origem a nossa palavra em português, ela não possui exatamente o mesmo valor semântico. Em outras palavras, quando o NT usa a palavra grega αποστασια, está se referindo a qualquer pessoa que deixa de adorar a Yahweh, por quaisquer motivos, mesmo que não fique contra, mesmo que não pratique outra religião; é o simples ato de não praticar mais a religião, se desviar dela. (BAUDER, 1999, p. 202) Essa, como veremos, não é a definição que o Escravo dá para "apostasia" e por esse motivo não deveria estar assim traduzida nas chamadas Escrituras Gregas Cristãs da Tradução do Novo Mundo.

A palavra grega αποστασια, mesmo dando origem a nossa palavra "apostasia", não significa a mesma coisa, como já dissemos. Isso ocorre porque algumas palavras mudam de sentido com o tempo. Por exemplo, ao se dirigir a Deus, conforme Atos 4:24, Pedro usou a palavra grega Δέσποτα.

οι δε ακουσαντες ομοθυμαδον ηραν φωνην προς τον θεον και ειπον δεσποτα συ ο θεος ο ποιησας τον ουρανον και την γην και την θαλασσαν και παντα τα εν αυτοις

Essa palavra foi a que deu origem a nossa palavra portuguesa “déspota”, e o que um desposta? Vejamos:

Déspota
(grego despótes, -ou, senhor, amo, déspota)

s. 2 g.
1. Pessoa que governa conforme lhe apraz os que lhe são dependentes, exigindo-lhes obediência passiva. = TIRANO
adj. 2 g.
2. Que não tolera que a sua vontade seja contraditada.
3. Que revela autoritarismo. = AUTORITÁRIO, TIRÂNICO [5]

Imagine se em Atos 4:24 a TNM tivesse traduzido assim: “Déspota, tu és Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles”. Isso, sem dúvida alguma, seria um absurdo, algo inaceitável! Isso ocorre porque as palavras mudam de sentido com o tempo. Antes, um Δέσποτα era apenas um governante, alguém poderoso, sem qualquer valor pejorativo (KNOWLING, 1912, p. 133) e, dessa forma, Deus poderia ser assim descrito. É com base nesse mesmo motivo que a TNM errou ao traduzir as palavras originais por "apostata" e "apostasia".

Interessante que judeus modernos traduziram o NT para o hebraico e nos textos em o NT usa a palavra αποστασια em grego, os judeus traduziram por derivados de חנף [chaneph] do AT, cujo significado nós vimos que é "hipócrita". Assim, isso significa que os judeus entendem חנף e seus derivados como equivalente de αποστασια que é usada no NT.  Encontramos uma prova disso na TNM, que verteu por "hipócrita" em Mateus 7:5 onde ocorre a mesma palavra hebraica que o Escravo erroneamente traduziu por "apostasia" no AT, veja baixo:

Hipócrita[חנף chanephTira primeiro a trave de teu próprio olho, e então verás claramente como tirar o argueiro no olho de teu irmão.

Em hebraico, como visto no site Congregation Sar Shalon:


Assim, se esse é admitidamente o significado dessa palavra no original hebraico, que direito tem a Comissão de Tradução do Novo Mundo de verter por "apostasia"? Os dicionários de grego do NT traduzem o termo αποστασια por “deserção” (TRAVIS, 2011, p. 103; HAMMOND, 1845, p. 438) “ato de afastar-se” (CHAPMAN, 2011, p. 205; MILTON, 2011 p. 253). A palavra ἀποστασία está relacionada com o femininoἀποστάσιον, da qual temos seu sentido:

ἀποστάσιον, ἀποστασίου, τό, muito raramente nos escritos gregos nativos, deserção. de um homem livre de seu patrono, Demosthenes 35, 48 (940, 16); na Bíblia: 1. divórcio, repúdio: Mateus 19:7; Marcos 10:4 (βιβλίον ἀποστασίου, equivalente de כְּרִיתֻת סֵפֶר livro ou carta de divórcio, Deuteronômio 24:1, 3; (Isaías 50:1; Jeremias 3:8)). 2. uma carta de divórcio: Mateus 5:31.[4]

§5 As Testemunhas de Jeová e os Apóstatas


Com base nas informações abordadas acima, qual o problema da tradução “apostata” e “apostasia” na Tradução do Novo Mundo e o conceito dogmático das Testemunhas de Jeová?

Bom, primeiro, nem no AT nem no NT encontramos a palavra “apostata” ou “apostasia”,apropriadamente, para que a TNM assim traduza o original. Segundo, em cima de uma má tradução, não há razão para que o Escravo forme uma doutrina sobre os apostatas, demonizando-os.

Mas, talvez ainda se pergunte, por que o Escravo, sendo tão bem informado, tão inteligente, usa tanto as palavras “apostata” e “apostasia” em suas publicações bem como em sua Bíblia? A resposta é simples: Para criar uma doutrina bíblica em relação ao único tipo de pessoas que eles temem. O Escravo sabe que só existe um único tipo de pessoa, ou coisa, que pode fazer alguém se afastar da religião para nunca mais voltar: Os apóstatas e sua apostasia. Nem sofrimento, nem decepção, nem mesmo Hitler na Alemanha Nazista, consegue fazer uma testemunha de Jeová abandonar a religião, exceto os “apostatas”.

Em 1981, Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante, foi desassociado e, posteriormente, sua esposa Cynthia. Por causa disso, a A Sentinela de 15/9/1981 formulou uma maior seriedade ao que eles chamam de “apostata”. Mas, para as Testemunhas de Jeová, o que é uma “apostata”?

Definição: Apostasia é abandonar ou desertar a adoração e o serviço de Deus, na realidade uma rebelião contra Jeová Deus. Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinamentos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová. (rs p. 41-p. 44)

A doutrina das Testemunhas de Jeová em relação aos apóstatas é a mais ferrenha possível. Lembra do exemplo que usei no início do artigo, sobre o filme A Vila? Essa é a analogia. O Escravo usava o medo para disseminar pavor e ódio contra pessoas que saíram da religião e agora descordam de seus ensinos. Isso ocorre, obviamente, pelo fato de que aqueles que saem por terem visto as coisas erradas e encobertas são os únicos que tem o poder para tirar qualquer um de lá de dentro de uma forma que jamais voltem.

Por muito tempo Satanás tem usado apóstatas nos seus esforços de seduzir os servos de Deus. (Mateus 13:36-39) Os apóstatas podem afirmar que adoram a Jeová e que crêem na Bíblia, mas rejeitam a parte visível da organização dele... O que querem os apóstatas? Muitos não se contentam em apenas abandonar a fé que antes talvez considerassem verdadeira. Freqüentemente, querem levar outros com eles... Como podemos nos proteger para não sermos enganados por apóstatas?... Nós ‘os evitamos’por rejeitar seus raciocínios — quer sejam apresentados pessoalmente, em forma impressa quer na internet. Por que adotamos essa atitude? Primeiro,porque a Palavra de Deus nos orienta a fazer isso, e confiamos que Jeová sempre pensa no que é melhor para nós. — Isaías 48:17, 18. (w04 15/2 pp. 15-20)

A Organização faz o que os antigos judeus fizeram com os deuses de outras nações, os demonizam. Na citação acima, percebe-se claramente, sem meias palavras, que os apostatas são usados por Satanás e quando dizem “não se contentam em apenas abandonar a fé que antes talvez considerassem verdadeira. Freqüentemente, querem levar outros com eles...”, eles os colocam em comparação ao diabo que, na mitologia bíblica, quando se rebelou contra Deus, levou consigo os anjos.

Que métodos os apóstatas usam para alcançar seus objetivos? Eles muitas vezes recorrem a distorções, a meias-verdades e a flagrantes falsidades. (Ibidem)

Os irmãos na Organização são tão manipulados que, todos os membros conseguem repetir essa mesma frase. Tenho visto isso até mesmo aqui no blog. Veja abaixo um comentário de uma testemunha dizendo que eu deturpo as palavras dos irmãos, exatamente o que ele aprende a dizer através da Organização:



Continuando, lemos:

São apóstatas. O que querem? Eles não se contentam em apenas deixar a organização que um dia talvez tenham amado. O seu objetivo, como Paulo explicou, é “atrair a si os discípulos”. Note o artigo definido na expressão “os discípulos”. Em vez de procurar fazer seus próprios discípulos, os apóstatas tentam arrastar consigo os discípulos de Cristo. Como “lobos vorazes”, os falsos instrutores buscam devorar membros desavisados da congregação, destruindo a sua fé e os afastando da verdade. — Mat. 7:15; 2 Tim. 2:18. (w11 15/7 pp. 15-19)

Mais uma vez colocam a atividade apostata de forma demonizada, como comentado acima.

Como os falsos instrutores agem? Os seus métodos revelam astúcia. Eles ‘introduzem quietamente’ ideias corrompedoras. Assim como os contrabandistas, eles operam de modo clandestino, introduzindo sutilmenteconceitos apóstatas. E, assim como um astutofalsificador tenta passar documentos falsificados, os apóstatas usam “palavras simuladas”, ou argumentos falsos, tentando passar por verdades seus conceitos inventados. (Ibidem)

Essa é a forma “amorosa” que o Escravo coloca as pessoas que deixam a religião. Para esses, somos “contrabandistas” e “falsificadores”, dentre outros adjetivos pejorativos. Para uma pessoa que é criada na Organização, imagine como a mente dela funciona ouvindo isso desde criança!

Mas a nossa disposição de ceder ou de ser razoávelnunca nos deve levar a fazer concessões a apóstatas. Nossa posição clara e firme nesse respeito é necessária para manter a pureza da verdade e a união da congregação. Com respeito a “falsos irmãos”, Paulo escreveu: “A estes não cedemos no sentido de nos submetermos, não, nem por uma hora, para que a verdade das boas novas continuasse convosco.” (Gál. 2:4, 5) Nos raros casos em que surge apostasia, os cristãos dedicados mantêm-se firmes pelo que é certo. (w08 15/3 pp. 3-7)

Outra mentira que observamos aqui, é quando eles dizem que são “raros os casos em que surge apostasia”Hoje em dia, depois de fornicação, a apostasia está em segundo lugar entre os motivos de um irmão abandonar a Organização. Em caso de fornicação, o individuo pode até desejar voltar para a Organização, mas, se for por apostasia, é sair para nunca mais voltar! E é esse exatamente o medo do Corpo Governante. Além disso, nos países em que o acesso a internet é mais fácil, menor é o crescimento das Testemunhas de Jeová. Isso quer dizer alguma coisa, não acham?

Por dar ouvidos ao Diabo e não rejeitar suas mentiras, o primeiro casal humano apostatou. Assim, será que devemos ouvir os apóstatas, ler suas publicações ou examinar seus sites na internet? Se amamos a Deus e à verdade não fazemos isso. Não permitimos que apóstatas entrem na nossa casa e nem mesmo os cumprimentamos, para não sermos ‘partícipes das suas obras iníquas’. (2 João 9-11) Jamais sejamos vítimas das tramas do Diabo por abandonar o “caminho da verdade” cristão para seguir instrutores falsos que procuram “introduzir ideologias arruinadoras” e nos ‘explorar com frases bem formuladas’. — 2 Pedro 2:1-3, Byington. (w06 15/1 pp. 21-25)

Mais uma vez a demonização dos ex-irmãos. Embora os irmãos possam dizer que não são obrigados pelo Escravo, existe uma coerção implícita. Perceba a pergunta que é feita na publicação, “será que devemos...etc”“se amamos a Deus... não fazemos isso”. Ora, isso é coagir as pessoas a fazerem o que o Escravo quer, pois todo bom cristão quer demonstrar amor à Deus, então, necessariamente, não devemos ter contato com os “apostatas”.

[...] uns poucos têm abandonado nossas fileiras, e alguns dentre esses estão decididos a difamar as Testemunhas de Jeová por divulgar mentiras e informações falsas. Uns poucos deles trabalham com outros grupos para organizar resistência à adoração pura. Com isso tomam o lado do primeiro apóstata, Satanás.

Alguns apóstatas usam cada vez mais alguma forma de comunicação em massa, inclusive a Internet, para divulgar informações falsas sobre as Testemunhas de Jeová....Qual é o proceder sábio a seguir nestes casos?

O apóstolo João orientou os cristãos a não acolherem apóstatas na sua casa. Ele escreveu: “Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas.” (2 João 10, 11) Evitarmos todo o contato com esses opositores nos protegerá do seu modo corrupto de pensar. Expor-nos aos ensinos apóstatas divulgados pelos diversos meios de comunicação moderna é tão prejudicial como acolher o próprio apóstata na nossa casa. Nunca devemos permitir que a curiosidade nos leve a tal rumo calamitoso! — Provérbios 22:3. (w00 1/5 pp. 8-12)

Primeiro, observamos mais uma vez a demonização feita as “apostatas”, com palavras “amorosas” para não levantar suspeitas, depois o apelo desesperado para com o uso da internet, pois nela se encontra uma infinidade de estudos, como este aqui, que mostram claramente que o papado das Testemunhas de Jeová está claramente os enganando e, por último, observamos uma apologia ao ódio contra os “apostatas”, por apontar que é extramente “prejudicial acolher o apostata na própria casa”, como se fôssemos os seres mais repulsivos da humanidade! Não é de hoje que a Organização ensina seus membros a odiarem ex-irmãos que abandonaram a religião por não mais concordar com seus ensinos. Na A Sentinela de 1952 lemos as seguintes palavras:

Temos de odiar no sentido mais verdadeiro, que é encarar com extrema e ativa aversão, considerar como uma abominação, odioso, nojento, detestar. Seguramente quaisquer odiadores de Deus não merecem viver nesta bela terra. - A Sentinela 01/10/1952, pág. 599 (em inglês)

Chocante, não acham? Mas infelizmente é exatamente esse o ensinamento da Organização. Lógico que o sentimento religioso, na grande maioria das vezes, por si só, já engendra esse tipo de sentimento odioso e violento, por isso tantas guerras e maldade no mundo. Talvez se pergunte porque as pessoas lá não se tocam disso; bom, um motivo é que, como sempre digo:

A pior maldade é aquela disfarçada de bondade.
— Por Que Não Creio.

Eles ensinam isso de uma forma tão sutil, com palavras tão caprichadas, que você nem sente. A Organização ensina esse medo e ódio aos “apostatas” por que a própria Organização nos odeia e nos teme, pois sabem que todo esse império que foi feito nos ombros de homens e mulheres enganados, podem, de um dia para outro, entrar em colapso. Por esse motivo, para a Organização fazer a Bíblia falar contra as pessoas que saem da religião, ela traduziu os originais usando as palavras “apostasia” e “apostata” e formaram esse ensino permissivo de ódio e pavor contra àqueles que chamam de “apostatas”. Imagine, por exemplo, um irmão que passa a vida inteira ouvindo que aquelas pessoas que abandonam a Organização e agora alertam outros contra a mesma – os apostatas – são usados pelo diabo e depois, em sua leitura pessoal da Bíblia, ele encontra algo do tipo:

Provérbios 11:9:

“Pela boca é que o apóstata arruína seu próximo, mas é pelo conhecimento que os justos são socorridos.”

O inimigo talvez procure dar um golpe por atacar verdades bíblicas fundamentais para a sua fé. Apóstatas podem usar palavras suaves, lisonjas e argumentos deturpados na tentativa de derrotá-lo. Mas o apóstata não está pensando em seu bem-estar. Provérbios 11:9 diz: “Pela boca é que o apóstata arruína seu próximo, mas é pelo conhecimento que os justos são socorridos.”  (w04 15/2 pp. 26-30)

Jó 13:16:

“Ele seria também a minha salvação,
Pois nenhum apóstata entrará diante dele.”

É um engano pensar que você precisa ouvir os apóstatas ou ler as publicações deles para refutar seus argumentos. O raciocínio deturpado e venenoso deles pode causar dano espiritual e contaminar a sua fé como uma gangrena que se espalha rapidamente. (2 Timóteo 2:16, 17) Em vez disso, imite o tratamento que Deus dá aos apóstatas. Jó disse a respeito de Jeová: “Nenhum apóstata entrará diante dele.” — Jó 13:16. (Ibidem)

Obviamente que isso iria coaduna-se com o ódio e o pavor que a Organização dissemina contra os “apostatas”, pois os apostatas ‘arruínam seu próximo pela boca’, e eles nunca ‘entrarão diante de Jeová’. O que toda testemunha iria pensar é: “Nunca vou ouvir um apostata e nunca vou me associar com um.” Traduzir desonestamente o original hebraico e grego por “apostata” e “apostasia” deu peso ao ensino da Organização contra as pessoas que saem da religião por não concordar mais com seus ensinos.

Observei a fragilidade das crenças da Organização no dia da minha primeira comissão judicativa. A minha primeira comissão, diante de quatro anciãos e um superintendente viajante, foi literalmente surreal. Quando o presidente da congregação teve a oportunidade de falar, suas palavras e sua reação ficaram gravadas em minha mente, eu nunca as esqueci.

Em suas mãos estavam vários emails que eu havia passado para um amigo servo ministerial sobre as coisas das quais não mais concordava. O presidente da congregação olhou para mim e disse CHORANDO: “Você tem ideia de quantas vezes eu orei a Jeová implorando para poder ler seus emails e não me contaminar? Isso aqui [segurando as folhas], mano, é VENENO, isso aqui é LIXO!”. Ao término, o superintendente ordenou que as folhas fossem queimadas e os emails deletados imediatamente e os que tiveram contato ficaram sob um tipo de “quarentena”.

Fui pra casa me perguntando, como um homem de quase cinquenta anos de idade, trinta como Testemunha de Jeová, vinte e cinco como ancião, podia ter ficado tão abalado com os argumentos de um “menino” de vinte e poucos anos na época. A resposta é clara: A doutrina da Organização é FRACA, possuindo os aspectos inabaláveis da verdade, mas por dentro sendo oca e fraca como a mentira.

§6. Somos Todos Apostatas


Talvez você tenha ficado impactado com o tema desse tópico, mas isso é a mais pura verdade: todos nós, de uma forma ou de outra, somos apostatas. Como vimos, apostata é uma pessoa que abandona uma ideologia e fica contra sua anterior posição, seja ela política, filosófica, militar ou religiosa. Agora te pergunto: Quem nunca nessa vida mudou de ideia? Desde que nos tornamos pessoas pensantes, passamos a nos apostatar de várias coisas, caso contrário, acreditaríamos até hoje em Papai Noel, Cegonha, etc.

O Sábio pode mudar de opinião. O idiota nunca.
— Emmanuel Kant.

Penso, por exemplo, no Cristianismo Primitivo. As boas-novas foram consideras pelos judeus uma “grande apostasia”. (Atos 4:24) Paulo, o maior divulgador do Cristianismo, era conhecido historicamente como Paulo, o Apostata. (DUMM, 2011, p. 133) Quando nos tornamos uma testemunha batizada, observamos que a Organização é composta por pessoas de numerosas formações religiosas, como podemos observar nas próprias publicações do Escravo.

Dessa diversidade de religiões, culturas e filosofias,saíram pessoas que agora usufruem uma unidade religiosa que não pode ser observada em nenhum outro grupo no mundo atual. (w04 1/6 pp. 5-7)

Temos ali ex-católicos, ex-evangélicos, ex-espíritas, ex-mormons, ex-ateus e assim por diante. Em outras palavras, a Organização de Jeová é uma religião composta quase que inteiramente por apostatas das mais variadas religiões!

Quando as Testemunhas de Jeová são chamadas de seita, elas costumam dizer que essa palavra, por ela mesma, não é ofensiva, pois seita é um grupo religioso que se desmembrou de um maior, apesar delas se considerarem religião. Além disso, elas mencionam que serem chamadas de seita é uma “elogio”, pois os primeiros cristãos também foram chamados de seita em Atos 28:22. Os cristãos primitivos eram assim tachados igualmente de apostatas, apostatas das leis de Moisés.

No artigo Doutrinas Bíblicas: Impressionantes ou apenas Impressão?, comentei:

Lembro-me bem quando comecei a estudar a Bíblia. Fiz um estudo sistematizado, analisando profecias, arqueologia, história secular, composição textual da Bíblia, e assim por diante. Na época, com 16 anos de idade, era tudo muito convincente, tudo parecia se encaixar em um gigantesco quebra-cabeça de extrema complexidade que, para a grande maioria das outras pessoas, permanecia sem resposta; as velhas questões relativas à quem somos, de onde viemos e para onde vamos já estavam respondidas; tínhamos conhecimento de até mesmo o que aconteceria com a Terra e a humanidade há mais de mil anos para frente... Ora, no meu caso, um mero adolescente, tudo que me era posto como verdade era fácil de ser aceito, afinal, aqueles eram os anos iniciais, por assim dizer, da formação da minha cosmovisão, já que não tinha base de quase nada, então tudo parecia ser muito lógico, até irrefutável.

Mudar de ideia é a coisa mais natural do mundo. Fazemos isso o tempo todo, todo o tempo. Qual seria o problema de fazermos parte de uma religião e depois mudarmos de ideia? Ora, se fôssemos relutantes de mudar de ideia, jamais teríamos nos tornado Testemunha de Jeová, pois alguém nos convenceu que nossa anterior filosofia de vida estava errada, o que nos levou a abandonarmos nossa anterior religião – tornando-nos apostata para a religião antiga – e assim nos batizamos como membros da Organização. Portanto, o principal requisito para aceitarmos a “verdade” foi sermos “apostatas”, melhor dizendo, sinceros e assim mudarmos de opinião.

Dessa forma, pela mesma sinceridade que me fez entrar, me fez também sair. Não por ser uma pessoa indecisa, mas porque, depois de adulto, depois de anos estudando a fundo a Bíblia e o Cristianismo, percebi que é tudo humano, que não há nada de divino.

As Testemunhas de Jeová pregam o ódio às pessoas que abandonam sua religião, proibindo o contato qualquer que for com os mesmos, pois sabem que basta uma conversa de 15 minutos com um “apostata” para um irmão esquecer anos de estudos bíblicos na Organização. A verdade não tem medo da mentira é a mentira que tem medo da verdade e é justamente por esse motivo que as Testemunhas de Jeová sentem pavor dos apostatas, porque possuem uma doutrina tão fraca, tão fácil de se rebater, que não daria muito trabalho para convencê-las. O problema, no entanto, é que são doutrinados a terem o seguinte comportamento:


Nota aos TJs zelosos que vem ao meu blog: Antes de comentar alguma coisa aqui me xingando, me chamando de recalcado, jumento e coisas dessa natureza, pense no que você está fazendo na internet olhando matéria “apostata”. Depois, qual seu conhecimento do hebraico e grego original para discordar, quais as referências extra-organização você pode citar como contra argumento? Se não gostou do que leu porque isso critica suas convicções religiosas, me pergunto o que você esperava ouvir ao entrar em um blog cujo título é POR QUE NÃO CREIO. Se quiser me xingar de “apostata”, lembre-se que o significado no original é “hipócrita”, e hipócrita, entre outras coisas, é aquele que acusa outros quando ele mesmo faz a mesma coisa, assim, como você me chama de apostata e está na internet justamente lendo matérias “apóstatas”? Se depois disso ainda quiser comentar asneiras, saiba que vou ler, vou RIR de você, só então deletarei seu comentário.

Matéria originalmente escrita pelo irmão Eduardo Galvão

Profetas e Profecias: O Livro de Enoque: "Os Anjos que Pecaram e a Profecia das Setenta Gerações para o Julgamento Final"

Até que Laurence publicasse sua tradução inglesa de 1 Enoque, em 1821, quase ninguém tinha ouvido falar do Livro de Enoque. Hoje, pouco mudou. Muitos ouviram falar de 1 Enoque, mas não muitos o tem lido (mesmo entre aqueles que estão se preparando para o ministério). Parte do problema é puramente logístico: livrarias Bíblicas não publicam cópias de 1 Enoque; traduções com notas críticas são caras, e muitos cristãos não sabem onde encontrar uma cópia. Mas o problema real tem a ver com a falta de interesse. O que pode ser adquirido a partir do estudo de 1 Enoque não foi adequadamente comunicado, mesmo entre aqueles que enfatizam a importância de reconstruir a vida e os tempos de Jesus (ou seja, o primeiro século dC). Na verdade, não havia praticamente ninguém que não tinha lido 1 Enoque na época de Cristo. Isso por si só deveria ser motivo suficiente para querer estudá-lo, mesmo se aceitarmos a classificação que a cristandade achou por bem dar-lhe:“Pseudo-epígrafo”, um termo usado para descrever uma escrita que afirma ser de alguém que não seja seu verdadeiro autor. Tal era a prática entre aqueles que desejavam tornar público o que acreditavam ser uma nova revelação (por isso é teorizado) após o Antigo Testamento ter sido "oficialmente" canonizado. O Dicionário Enciclopédico Judaico tem a dizer sobre tais livros:

Leia o artigo completo no web site dos irmãos. Clique no link:

Profetas e Profecias: O Livro de Enoque: "Os Anjos que Pecaram e a Profe...:



Porque a verdade está sendo disponibilizada a todos nós.

12 de agosto de 2013

UMA REVISTA POR ONDE “A JUSTIÇA SAI PERVERTIDA”

Portanto, a lei fica entorpecida e a justiça nunca sai. Visto que o iníquo está em torno do justo, por isso a justiça sai pervertida. — Habacuque 1:4, TNM.

H
Á DOIS ANOS, quando o “espírito dos Deuses santos” — o mesmo que o “espírito de Jesus” — me ensinou que os anjos que pecaram nos tempos antediluvianos serão ‘reconciliados’ com os Deuses mediante o sangue resgatador do Cristo e que serão reintegrados à família celestial (Veja “Boas Novas aos Anjos Pecadores”, estudo I e estudo II), eu ainda cria equivocadamente num outro aspecto de ensino referente a aos anjos. (Daniel 4:8; Atos 16:7; Colossenses 1:20) Cria que os demônios mencionados no texto Sagrado se referiam aos anjos que haviam se juntado a Satanás para formarem a dupla “Satanás e seus demônios”, conforme crença difundida pelos do Corpo dos Governantes das Testemunhas de Jeová. Não demorou muito e o espírito também me ajudou no ajuste dessa muito importante particularidade da verdade bíblica. — Veja “Os Demônios Andam com Satanás?
   Evidentemente, enquanto que os demais cristãos sob a governança de líderes religionistas estão sendo passados para trás no que se refere ao entendimento do ‘conhecimento abundante’, nós, as ungidas Testemunhas dos Deuses Santos, temos cada vez mais “[alcançado] a unidade na fé e no conhecimento exato do Filho dos Deuses, [quais homens e mulheres plenamente desenvolvidos], à medida da estatura que pertence à plenitude do Cristo.” (Daniel 12:4; Efésios 4:13) Isso tudo tem realçado o cumprimento hoje das verdades expressas pelo apóstolo Paulo no capítulo 12 de 1 Coríntios (leia). Neste capítulo, Paulo esboça as variedades de manifestações que o espírito faz através de cada cristão. Paulo detalhou:

A manifestação do espírito é dada a cada um com um objetivo proveitoso. Por exemplo, a um, por intermédio do espírito, é dada a palavra de sabedoria, a outro, a palavra de conhecimento, segundo o mesmo espírito, a outro, a fé, pelo mesmo espírito, a outro, dons de curar, por aquele um espírito, a ainda outro, operações de obras poderosas, a outro, o profetizar, a outro, discernimento de pronunciações inspiradas, a outro, línguas diferentes, e a outro, interpretação de línguas. Mas, todas estas operações são realizadas pelo mesmíssimo espírito, fazendo distribuição a cada um respectivamente, assim como quer.— 1Co 12:7-11, sublinhado e itálico meu, TNM.

   O Corpo dos Governantes das Testemunhas de Jeová — na verdade, todos os líderes religiosos ditos cristãos, juntos — discordam veementemente desse formato escolhido pelo espírito para agir. Por exemplo, um irmão Testemunha de Jeová escreveu-nos um correlete onde nos apresentou uma discussão que tivera com um ancião de sua congregação. Ocorreu que o ancião acabara de fazer uma Parte (é assim que as Testemunhas de Jeová se referem aos discursos proferidos nas reuniões de meio de semana) na Escola do Ministério Teocrático onde afirmou que ‘para um jovem alcançar o cargo de Servo Ministerial seria necessário que o mesmo fosse fervoroso no serviço de campo (pregação de casa em casa), relatando muitas horas de pregação’. No mesmo instante, o irmão que nos escreveu recorreu à carta de Paulo onde ele detalhou os requisitos para Servos Ministeriais. (Leia 1 Timóteo 3:8-10) Visto não está alistado ali o ‘fervor no campo’ ou mesmo o ‘relatar muitas horas’ quais requisitos para que alguém seja designado Servo Ministerial, chamou a atenção do Superintendente logo que ele desceu da tribuna, raciocinando também com ele à base de 1 Coríntios capítulo 12.
   Chocado com as cobranças recebidas de um simples ‘publicador’, como o ancião qualificou o irmão, aconselhou-o bondosamente a ‘pesquisar mais a fundo as publicações do Escravo Fiel e Discreto’. Visto que o irmão insistiu nos argumentos claros da Bíblia, o Superintendente, agora ‘completamente desconcertado e envergonhado’, como observou o irmão em seu correlete, pôs fim ao diálogo, dizendo conclusivamente: ‘Olha irmão, eu falei da tribuna o que está no Ministério do Reino (gaguejando aqui) e, portanto, o que a Classe do Escravo entende (deu ênfase aqui) como sendo a verdade. Se o irmão discorda disso, então o irmão está discordando (nova ênfase) do próprio Jeová, que ungiu somente (ênfase exagerada aqui) esses irmãos do Corpo Governante para entender e esclarecer as verdades da Bíblia’.
   É uma pena que, mesmo homens que se dizem espiritualmente “qualificados para ensinar”, preparados para ‘restringir-se sob o mal’ e também para “[instruir] com brandura os que não estiverem favoravelmente dispostos [a concordar com o que eles entendem como sendo a verdade expressa da Bíblia]”, se colocam na posição negativa de “pequeninos”, por se deixarem ser ‘jogados como que por ondas e serem levados para cá e para lá por todo vento de ensino’, sobretudo pela “velhacaria” dos “mandados e ensinos de homens” que se colocaram acima dos demais cristãos para governa-los prejudicialmente; sim, que se ‘assentaram sobre o templo dos Deuses e que se exibem como se fossem eles próprios Deuses’. — 1 Timóteo 3:2; 2 Timóteo 2:24, 25; Efésios 4:14; Colossenses 2:22; 2 Tessalonicenses 2:4; Eclesiastes 8:9.
   Será que esses homens não sentem vergonha de ‘obedecer antes a homens como seus governantes que aos verdadeiros governantes que são os Deuses santos’? (Atos 5:29) Será mesmo possível que os do Corpo dos Governantes sejam o canal de comunicação entre os homens e os Deuses? Não de acordo com a Bíblia e o espírito! (João 14:6; Atos 4:12) Será que não veem o que o espírito está dizendo às congregações através das Testemunhas dos Deuses Santos e de suas publicações?
   O profeta Habacuque, em Habacuque 1:4, falando sobre a ação desses homens governantes em meio ao povo dos Deuses, disse: “A lei fica entorpecida e a justiça nunca sai. Visto que [este grupo] iníquo está em torno do [povo] justo, por isso a justiça sai pervertida”. Vejamos um velho exemplo de como isso é mesmo assim. Mesmo após a ação do “espírito dos Deuses santos” em fazê-los ver que o que pregam é a mentira no que concerne aos anjos que pecaram nos períodos antediluvianos, continuam a propagar a ‘injustiça pervertida’. Na revista A Sentinela de 15 de junho de 2013, páginas 22 e 23, constam dois artigos que, segundo eles, é a resposta bíblica às ‘perguntas dos leitores’. Através desses artigos eles insistem em ‘entorpecer a justiça’ divina!
   Enquanto que os Deuses revelaram que estes anjos que pecaram serão “reconciliados” com Eles através do sangue reparador de pecados do Cristo, estes convencidos homens maus insistem em dizer o contrário, dizem que os arrependidos “Filhos dos Deuses”, a quem eles chamam de “espíritos perversos” — embora não exista tal expressão na Bíblia , terão ‘uma destruição final certa’! (Gênesis 6:1-5) Clique no artigo da revista mencionada e, após aplicar o necessário zoom, leia-os por si mesmo. Atente também a todas as expressões malévolas ali escritas sobre esses Filhos arrependidos. Aproveite também para reparar que eles propagam outras adicionais mentiras sobre estes anjos, tais como a mentira de que eles “materializaram corpos carnais” e a de que eles “cometeram imoralidade com as mulheres”, entre tantas ‘perversidades’ que atribuem a eles. Repare que marquei muitas das frases que são comprovadamente antibíblicas, mas que descaradamente atribuem a eles.
   Está mais que óbvia a diferença hoje ‘entre os que realmente servem aos Deuses e os que, iniquamente, se negam a fazer isso — a diferença entre as Testemunhas dos Deuses Santos e os líderes religionistas maus, excepcionalmente os do Corpo dos Governantes das Testemunhas de Jeová. (Malaquias 3:18) Está mais que evidente que a revista A Sentinela continuará a veicular mentiras religionistas entorpecidas e injustas; sim, que continuará a ser um canal por onde a “justiça sai pervertida”. — Habacuque 1:4.
   Portanto, que cada cristão Testemunha de Jeová, individualmente, possa avaliar correta e seriamente o que significa adorar os Deuses com “espírito e verdade”, abandonando a ideia de “seguir os passos da organização”, como são constantemente instados a fazer, para seguir os passos de quem verdadeiramente se deve: os passos de nossos Deuses santos, excepcionalmente os passos de nosso agora Deus Todo-Poderoso, Cristo Jesus. (Isaías 9:6; João 1:1, 18; Mateus 28:18; Efésios 1:21) Que cada um de vós possa dá séria atenção ao verdadeiro formato em que o espírito age nos cristãos, selecionando-os individualmente para serem usados conforme a vontade dele próprio e não com parcialidade, diferenciando os Líderes-Governantes dos demais membros. — 1 Pedro 2:21; João 4:24; Atos 10:34.